Amor, responsabilidade e disponibilidade emocional

Geralmente, quando ouvimos “amor”, pensamos em um tipo específico de amor; o romântico, sexual. Isso é uma deformidade cultural que precisa ser discutida para criarmos uma verdade contemporânea. Sim, porque ódio, comumente evocado como antônimo do amor, já temos de sobra. O oposto do amor é a indiferença, não o ódio. 

Enquanto houver qualquer ressonância emocional em você, há sentimento – que varia entre ódio e amor e é importância concedida. Portanto, se você sente amor ou ódio, você se importa. Precisamos avançar na compreensão do conceito de amor, para retomar a reflexão inicial: o amor não começa sexual. Ele vem da necessidade relacional: amamos porque somos seres sociais e vivemos em comunidade. 

 

Precisamos uns dos outros de diversas formas e precisamos nutrir sentimentos positivos por outras pessoas. E isto está bem longe de restringir-se ao âmbito sexual. Se ampliarmos o olhar, esbarramos no conceito de disponibilidade interna para o outro e, consequentemente, no de responsabilidade emocional. 

Nascemos programados para sobreviver e precisamos de alguém que nos cuide e que provenha todas as nossas necessidades fisiológicas e emocionais nos primeiros anos de vida. Se, ao longo de nosso desenvolvimento sócio psicoemocional, não vivenciamos a experiência de um ambiente acolhedor para essas necessidades, o que sentimos é a falta. Na falta não há disponibilidade emocional para acolhimento e cuidado.  

Toda experiência gira em torno da satisfação individual. Ou, ao contrário, buscamos cuidar do outro na tentativa de reparar a falta essencial que experimentamos nas primeiras relações da vida. Em ambos os casos, a frustração é o sentimento predominante e essa ferida, ao invés de evoluir para cura, sangrará cada vez mais. 

Não é exagero pensar que ao cuidar das relações que estabelecemos ao longo da vida, sejam elas da natureza que forem, precisamos observar o que buscamos ali e se é legítimo exigir do outro a satisfação que nos faltou em relações primitivas. Consciência confere poder; de ser feliz e despertar felicidade. 

 

E ouso dizer: a honestidade de sentimentos é o princípio da disponibilidade emocional. E é ela que torna suas relações mais humanizadas. 

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