A psicanálise oferece uma visão profunda sobre a ansiedade de desempenho, relacionando-a com conflitos internos e mecanismos inconscientes. Freud descreveu a ansiedade como um sinal de alerta, uma manifestação de conflitos reprimidos e de desejos não realizados. Essa perspectiva sugere que a ansiedade de desempenho no trabalho pode ser o reflexo de demandas internas conflitantes ou de uma autoexigência exacerbada, muitas vezes ligada a padrões idealizados de sucesso e realização.
Já Lacan, expandiu essa visão ao enfatizar o papel do desejo e da falta no funcionamento psíquico. Ele argumenta que a ansiedade emerge não apenas da repressão, mas também do encontro com o “objeto a”, o objeto de desejo que nunca pode ser plenamente satisfeito ou alcançado. Essa lacuna entre o desejo e sua realização pode ser particularmente exacerbada em ambientes profissionais competitivos e exigentes, onde as expectativas são altas e a satisfação completa é muitas vezes inatingível.
Winnicott, por sua vez, abordou a ansiedade do ponto de vista do desenvolvimento emocional, destacando a importância de um ambiente de suporte que permita a expressão de vulnerabilidades sem medo de julgamento ou fracasso. Para lidar com a ansiedade de desempenho, ele sugere a criação de espaços no trabalho que promovam a autenticidade e a criatividade, e facilitem assim a expressão do verdadeiro self. Parece bem condizente com as necessidades e rumos atuais dos ambientes de trabalho, não é mesmo?
Trazendo estes três grandes nomes para pensamos como podemos, dentro deste arcabouço psicanalítico, enfrentar a ansiedade de desempenho que envolve não apenas a compreensão e o trabalho através de conflitos internos, mas também a busca por ambientes profissionais que reconheçam e valorizem a individualidade e a vulnerabilidade. Processos terapêuticos com fundamentação psicanalítica, por exemplo, podem oferecer um espaço seguro para explorar essas questões, promovendo maior autoconhecimento e maneiras mais saudáveis de lidar com a pressão e as expectativas no trabalho.