Depois de voltar às minhas raízes psicanalíticas nos últimos textos sinto que devo oferecer a você uma conexão com o mundo corporativo. Sim, porque é preciso ir além da superfície das relações para entender como podemos tornar nossas interações mais produtivas.
Fazendo isso, nossa abordagem em qualquer relação, pessoal ou profissional, ganha outra dimensão e nos coloca em um lugar de convergência e harmonização, ao invés de antagonismo e conflito.
Nossas necessidades emocionais definem o tom das relações que estabelecemos. Se você tem um colega, um líder ou liderado, irá estabelecer conexão em função das suas necessidades e das dele.
É fácil identificar: algumas pessoas despertam sentimentos muito positivos em nós, enquanto outras nos fazem sentir um desconforto muito grande. Pense que sua história está “falando” com a história do outro, e que isto se dá em um estado de consciência que você não domina. É o famoso inconsciente que Freud desvendou, mas que, mesmo depois de mais de 100 anos de estudos, não somos capazes de levar em consideração.
Te pergunto: quantas vezes você olha para dentro de si quando algo te incomoda, ao invés de, automaticamente, responsabilizar o outro por esse desconforto? Quanto menos autoconhecimento, maior a tendência de colocar fora de nós a responsabilidade sobre o que não saiu como planejamos.
Costumo dizer, e meus clientes já ouviram isso alguma vez, que se você não se vê como parte do problema, jamais será parte da solução. É um princípio simples.
Quando não somos capazes de olhar para nossa parcela de responsabilidade no sucesso ou fracasso das relações e situações, damos ao outro todo o poder.
Você está, nesse momento, no papel de vítima, e vítimas não têm recursos necessários para lidar com aquilo que as acomete. Precisam sempre de um salvador que as protejam do algoz.
Pense nisto: este é o lugar que te cabe? Doí menos sentir-se incapaz, do que assumir responsabilidade?
É certo que, em algumas condições específicas, pessoas são vítimas. Mas aqui estamos falando de outro contexto. Um contexto de equidade.
Veja: se você está em uma relação hierárquica no trabalho, por exemplo, em que um chefe autoritário castra os membros de sua equipe – incluindo você–, há ferramentas corporativas para enfrentar a situação. E, se isso não for suficiente ou eficiente, ainda resta sua autonomia para seguir um caminho mais saudável, longe do que te incomoda e te impossibilita de realizar seu melhor.
É um desafio e tanto, principalmente para as camadas mais frágeis. Mas não é impossível.
Quero dizer, se torna mais viável quando você olha para seus recursos internos e externos e planeja lançar mão deles de maneira estruturada e organizada. Muitos pedem ajuda neste momento; no momento em que percebem a complexidade emocional da relação, que dificulta a tomada de decisão.
Geralmente, esse é meu trabalho: ajudar as pessoas a entenderem o contexto, identificarem seus recursos para lidar com a situação e traçarem um plano que as coloque em um lugar mais favorável.
Já escrevi uma vez que só pessoas fortes são capazes de pedir ajuda. Estas sabem que uma adversidade pode ser superada e que contar com alguém para encontrar uma saída não as fará se sentir e serem vistas como incapazes.
Então, em que lugar você se vê? O quanto está comprometido com seu sucesso?