Momentos de crise trazem novos desafios e pedem uma revisão instantânea nas prioridades. Como estamos vendo com a crise do coronavírus, a queda na receita faz com que empresas e pessoas precisem rever e cortar gastos. Mas, tão importante quanto a sustentabilidade financeira é o cuidado com a saúde mental. Sim, o apoio psicológico é fundamental diante de tantas mudanças e instabilidades.

Como psicanalista e coach, minha demanda de trabalho tende a aumentar em momentos de adversidade. Na verdade, mais pessoas me procuram para fazer processos como Pessoa Física. As empresas, por outro lado, costumam fazer o contrário: reduzem, suspendem ou cancelam os investimentos no cuidado psicoemocional das pessoas. É comum que processos de Executive Coaching e Team coaching sejam preteridos em nome da preservação financeira.

Ainda que seja crítico e importante, o capital financeiro não pode ser colocado acima do cuidado com as pessoas. Isso porque não existe geração de lucro e renda sem recursos humanos. O que garante a rentabilidade dos negócios é o trabalho de pessoas, líderes e liderados. Portanto, investir no bem-estar de quem faz a roda girar ajuda a preservar o faturamento da empresa.

Os efeitos do isolamento social

A importância de cuidar das pessoas deve ser prioridade sempre, mas torna-se ainda mais urgente quando há novos e grandes desafios pela frente. Por isso, faço um alerta para os líderes corporativos: a crise do coronavírus está impactando diretamente as relações profissionais. Um dos maiores problemas tem sido a questão do isolamento social.

Tenho ouvido relatos de pessoas que estão mais irritadas, tristes, angustiadas, assustadas e suscetíveis a reações instintivas. Esses são alguns efeitos do isolamento social, muito bem explicados pelo também psicanalista Christian Dunker em entrevista recente ao site Você S/A.. Dunker destacou que a quarentena provoca medo persistente, angústia, luto e negação.

É importante lembrar que o confinamento já foi usado muitas vezes na História como forma de punição e tortura. Ainda hoje alguns tipos de crime são penalizados com encarceramento. E quem se comportam mal na prisão ainda é colocado na solitária, onde fica totalmente privado do convívio humano. Espera-se que o sofrimento causado pelo isolamento faça o sujeito refletir e mudar seu comportamento.

Como administrar momentos de crise

Guardadas as devidas proporções, a pandemia traz à tona sentimentos parecidos com os provocados pelo encarceramento. Por isso é tão essencial cuidar da saúde mental e buscar ajuda quando necessário. Os líderes precisam estar ainda mais atentos a este autocuidado, já que são responsáveis pelo bem-estar de outras pessoas.

Para concluir, gostaria de deixar algumas orientações e ideias para lidar melhor com este momento, tanto no âmbito pessoal quanto profissional:

  • Permita-se reconhecer fraquezas, recuar e sentir dor, para em seguida se curar e retornar ao estado original
  • Aprenda a lidar com sentimentos como raiva e revolta. Quando bem administrados, eles podem servir como estímulo para a ação
  • Exercite a capacidade de visualizar um futuro melhor, mantendo o senso de humor e a noção de perspectiva
  • Seja criativo e colabore na construção de soluções
  • Tenha coragem e ousadia para assumir riscos na liderança e favorecer a motivação alheia
  • Reconheça seus sentimentos e suas potencialidades para inspirar e ajudar os outros a fazer o mesmo
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