Quando entrei para o coaching, no fim dos anos 90, não era comum – nem desejável – que executivos buscassem apoio para lidar com seus dilemas. Tanto que meus primeiros clientes vieram a partir de processos de Outplacement. Embora ainda haja resistência, hoje o mercado reconhece a importância de processos de coaching, mentoria e consultoria.

Assim como eu, o consultor Pedro Mandelli também viveu ativamente esse movimento de transformação. Ele é especialista em gestão de mudança organizacional e liderança, professor e autor de diversos livros sobre o mundo corporativo.

Nos conhecemos há mais de 25 anos e trabalhamos juntos em alguns projetos. Por tudo isso, é uma honra tê-lo como autor convidado aqui no blog, para compartilhar sua visão sobre a evolução das nossas áreas de atuação.

Da solidão ao protagonismo consciente

Por Pedro Mandelli

Eu tinha 27 anos quando me tornei executivo, o que na época era considerado muito precoce. Assim que assumi a liderança de um grupo de quase vinte pessoas, entendi que meu papel era ajudar os outros a resolver problemas. E mais: que eu não teria nenhum tipo de apoio para isso. Naquele momento, um executivo fazer perguntas era considerado sinal de fraqueza. A gente experimentava uma solidão enorme e trabalhava sempre na defensiva. 

Da metade dos anos 80 até 2000, passamos por um processo em que não sobrou pedra sobre pedra. Foi um período de reengenharia, terceirização, downsizing (que é a redução de níveis hierárquicos), aquisições e fusões. Em 1997, a Editora Abril lança a revista Você S.A., e uma das minhas aulas tinha o título de “Eu S.A. Limitada”. A mensagem era só uma: deixe a atitude defensiva para trás e seja protagonista. Assim, saímos da solidão para o desespero. Era preciso ajustar a postura, mas como?

Ao mesmo tempo, começam a surgir ferramentas de avaliação de desempenho. Ou seja, eu saio da atitude de defesa para o desespero sob avaliação, em um mar de protagonismo compulsório. Então, os executivos entram nos anos 2000 se perguntando: com quem eu posso conversar? Quem é o meu grilo falante? Na falta de alguém para dar conselho, o meu conselho era: encontre os seus espelhos!!

Protagonismo com consciência

Neste momento, eu era professor há mais de 10 anos e passei a ser muito requisitado. Não conseguia ter coffee break nem ir ao banheiro, porque sempre havia uma fila de gente me pedindo conselhos ao final de cada aula. Foi aí que apareceram três figuras muito importantes na vida dos executivos: o(a) coach, o(a) mentor(a) e o aconselhador(a).

Estas ferramentas passaram a fazer a diferença tanto na gestão da vida e da carreira como na ajuda a lidar com pares e superiores, e para resolver questões ligadas à gestão de pessoas, em especial. O counseling, que é a minha área até hoje, ficou com a missão de apoiar a criação de estratégias, a partir de uma grande vivência organizacional. O mercado se preencheu de ótimos profissionais, é claro. Mas aos poucos o próprio mercado também foi selecionando os melhores dos melhores, como sempre!

Hoje vejo com muita satisfação pessoas custearem do seu próprio bolso a contratação de serviços de coach, mentorias e aconselhamento. Isso não existia quando eu era executivo.

A gente dava um jeito de resolver os problemas, mas as decisões de negócio estão muito mais complexas e velozes hoje. Então, ter efetivamente serviços de apoio desses profissionais permite que os executivos assumam riscos mais calculados e sejam protagonistas com consciência e maturidade.

Viva a modernidade que se instalou nos últimos 20 anos!! Ou mais…

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